Congresso Internacional comemorativo dos 200 anos do Sistema Braille
No decorrer de 2025 serão organizadas várias ações para comemoração e difusão do Braille
Em março e abril de 1821, Charles Barbier apresentou o seu código de escrita noturna na escola de Valentin Haüy onde estudava Louis Braille. Por volta de 1825, com base nesta sonografia, assim chamada porque representava sons, Louis Braille começou os seus trabalhos desenvolvendo o que viria a ser o nosso sistema de leitura e escrita e a única forma de uma pessoa cega, surdo-cega ou com muito baixa visão ler o que escreve.
Neste ano de 2025, a invenção de Louis Braille faz duzentos anos. Estamos a falar de um sistema que permite uma série de códigos para a representação das línguas, da música, da matemática, da física, da química, da informática e da fonética. O Braille adaptou-se ao longo destes dois séculos a todas as áreas do conhecimento, permitindo às pessoas com deficiência visual acederem à informação escrita que antes lhes estava vedada.
O Conselho Ibero-Americano do Braille, CIB, composto pela ACAPO de Portugal, pela ONCE de Espanha e pela ULAC da América Latina, e que é considerado por estas como a maior autoridade internacional do Braille nesta área geográfica, representa os seus utilizadores neste vasto espaço. Por este motivo, o CIB decidiu realizar um congresso para assinalar este marco muito importante para todas as pessoas que têm neste sistema a autonomia necessária para o estudo, para a formação profissional, para o trabalho e para os tempos livres. Pareceu-nos indicado que o evento se realizasse nos dias 3 e 4 de janeiro, uma vez que Louis Braille nasceu a 4 de janeiro de 1809 e este dia foi reconhecido pelas Nações Unidas como o Dia Mundial do Braille.
A ACAPO, enquanto membro do Comité Executivo, do qual assumiu agora a coordenação, foi escolhida para organizar este Congresso Internacional, que decorreu na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, que mais uma vez abriu as suas portas para as causas das pessoas com deficiência. O evento decorreu em formato híbrido, presencialmente no auditório principal da FEUP e transmitido em streaming pelo Youtube em castelhano e português. Durante os dois dias, tivemos cerca de 3500 visualizações em direto.
Intervieram a Presidente do Conselho Mundial do Braille, a Senhora Kim Charlson dos Estados Unidos, e companheiras e companheiros da Argentina, do Brasil, da Colômbia, do Uruguai, de Espanha e de Portugal. Todos estes especialistas partilharam as suas ideias, o seu conhecimento em matérias como a Didática do Braille, o Braille nas Novas Tecnologias, o Braille na Autonomia das pessoas cegas, surdo-cegas e com baixa visão e as Políticas Públicas que podem e devem existir para a facilitação dos processos de ensino/aprendizagem e da sua utilização na vida de todos nós.
Como balanço final, tanto nós, organizadores do congresso, como os participantes, considerámos que o evento foi um sucesso, aliás, foi a primeira organização de nível internacional de relevo realizada este ano. Para este sucesso, contribuíram todas aquelas e todos aqueles que trabalharam arduamente nesta realização tanto trabalhadoras e trabalhadores da ACAPO como voluntárias e voluntários que tanto nos meses que antecederam os dias 3 e 4 de janeiro como durante o congresso fizeram um grande esforço para que tudo corresse bem. A todas e todos, em nome do Comité Executivo do CIB o nosso bem-haja pelo esforço. Este agradecimento também deve ser extensivo a todas aquelas e todos aqueles que intervieram para partilhar o seu conhecimento. Finalmente agradecemos aos participantes que durante dois dias assistiram com relevante interesse a todas as ideias e propostas apresentadas.
Este congresso foi o início de uma série de ações que decorrerão durante o ano de 2025 para comemorar e difundir o nosso sistema de leitura e escrita como: palestras, formações de professores e educadores, concursos em escolas básicas e secundárias, apresentação de códigos que foram revistos como o Código Matemático Unificado, a Grafia para a Língua Portuguesa e mais realizações da Comissão Técnica para a Didática do Braille e da Comissão Técnica de Musicografia, entre outras.
O Comité Executivo do CIB