Peça de teatro "Sopro"
Espectáculo terá audiodescrição.
Teatro Nacional São João (Porto)
A dada altura de Sopro, os cinco atores em palco cantam a cappella a canção Wild is the Wind, imortalizada por Nina Simone. Na dramaturgia do espetáculo, com texto e encenação de Tiago Rodrigues, este é um momento simbolicamente muito forte. Nos escombros de um teatro, onde enormes cortinas brancas esvoaçantes demarcam uma espécie de além-mundo banhado pela luz, os atores são como essas “criaturas do vento” de que fala a canção, animados pelo texto soprado pela única sobrevivente, uma mulher toda vestida de preto, Cristina Vidal, ponto há mais de vinte e cinco anos no Teatro Nacional D. Maria II. Os atores cantam assim graças a ela (são como suas emanações), para ela e por ela, guardiã de uma profissão em extinção, pela primeira vez no centro do palco. É pelo seu sopro/anima que se ressuscitam fantasmas de teatro em cenas de O Avarento, Três Irmãs ou Berenice e se entrecruzam fragmentos da sua própria biografia e memória. Estreado com imenso sucesso no Festival de Avignon em 2017, Sopro é uma tocante homenagem ao teatro – fénix renascida pela potência da palavra murmurada – e a todos os seus artífices, na sombra dos bastidores ou sob a luz do palco, “que perante a perspetiva da morte, escolhem ficar na vida”.
Reconhecimento do palco (pessoas com deficiência visual): 18:00
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